quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Dracma perdida



A dracma perdida

Lucas - 15 - 8 : 10
Nesta série de parábolas, a ovelha perdida, o filho pródigo e a dracma perdida, o Senhor nos fala de algo precioso que tinha sido perdido e foi achado. O que é comum nas tr s situaç es é o anseio de quem procura o que perdeu até que, encontrando-o, enche-se de alegria pela reconquista do que lhe é valioso. Assim foi com o pai do filho pródigo, com o pastor da ovelha extraviada e com a mulher que perdeu a dracma.Já vimos, há algum tempo, a parábola da ovelha perdida. Hoje iremos refletir a respeito da segunda parábola, da dracma perdida.A dracma era uma moeda de prata usada na Grécia. A dracma é também traduzida como prata, porque tanto o dinheiro quanto a prata t m a mesma significaç o, a verdade. Assim, os Escritos nos mostram que "perder a dracma", significa perder uma das verdades ou os conhecimentos da verdade.Há várias situaç es em que se pode perder uma verdade. Perdemos a verdade quando, por exemplo, nos despojamos negligentemente de uma convicç o que sabemos ser verdadeira e justa, e adotamos outra, falsa, em seu lugar. Ou quando abrimos m o de um princípio verdadeiro que era para nortear nossa vida, e agimos contra esse princípio. Ou, também, quando deixamos esmaecer a vis o de um ideal bom, do qual nos desviamos por desânimo, falta de coragem ou falta de empenho.Nesta parábola é a "mulher" que perde. A "mulher", na Palavra, significa a afeiç o da verdade. Isto nos indica, portanto, um estado em que deixamos de ter afeiç o pelo que é genuinamente verdadeiro. Quando deixamos de ter afeiç o pela verdade, andamos errantes e acabamos adotando qualquer princípio que nos satisfaça, mesmo errôneo.Embora a mulher seja citada aqui pelo que ela representa, a afeiç o da verdade, como foi dito, focalizaremos nossa reflex o na mulher em si mesma, ou antes, nas situaç es em que a mulher perde alguma coisa de valor espiritual em sua vida.A mulher, tanto quanto o homem, está sujeita a perder muitos de seus valores reais, mas ela, especialmente, está mais sujeita do que o homem a situaç es e, portanto, a prejuízos e perdas, em raz o das desvantagens que a nossa atual civilizaç o lhe imp e, porque a raça humana privilegia o aspecto masculino em todas as áreas. Esta supremacia do masculino, com a óbvia inferiorizaç o do feminino, vem desde a dispensaç o da Igreja Antiqüíssima. Essa Igreja caiu, como se sabe, porque fez da fé a principal e desprezou a caridade. Caim, a fé, matou Abel, a caridade.A fé, por ser pertinente ao entendimento, corresponde ao aspecto masculino do ser humano. A caridade tem a ver com a afeiç o, o aspecto feminino. Desde aqueles tempos, ent o, o conhecimento tornou-se mais importante do que o sentimento; a raz o mais do que a emoç o; a intelig ncia mais do que a bondade. Tornou-se louvável exibir intelig ncia, mas sinal de fraqueza expressar afeiç o. Esse conflito entre fé e caridade, com a conseqüente subjugaç o de uma pela outra, veio se repetindo também nas Igrejas que se sucederam no decorrer do tempo. Foi representada pela luta de Esaú e Jacó, na Igreja Judaica, a disputa sobre qual era o elemento salvífico, fé ou caridade, na Igreja Crist .. A fé prevaleceu em todas as situaç es. E quando ela reina sozinha, a Igreja chega ao seu fim, porque a caridade ou o amor é a sua vida e a ess ncia. A fé, só, separada da caridade e assim tida como único meio de salvaç o, causa, ao contrário, a degeneraç o espiritual da Igreja e da raça humana.Como conseqü ncia inevitável de a dispensaç o religiosa, desde a antigüidade, ter valorizado a fé e desprezado a caridade, as civilizaç es antigas e modernas atribuem essa supremacia ao masculino, como se v , em detrimento do feminino. Isto fez com que a Igreja Crist cultivasse o lema inventado por Paulo, de que o marido é a cabeça da esposa. Fez com a mulher n o tivesse seus direitos reconhecidos durante séculos, e ainda hoje faz com que ela tenha de lutar para ser reconhecida como ser humano integral, para mostrar que seu valor reside n o somente no corpo, mas também na sua mente e espírito, tal qual o masculino.Nesse ambiente de valores espirituais e civis t o distorcidos, a restauraç o da verdadeira Igreja Crist através das Doutrinas da Nova Igreja é a restauraç o da possibilidade de perfeita harmonia entre fé e caridade, as duas como partes complementares de um todo inseparável. E será, também, a restauraç o da noç o de um casamento ideal, de um amor verdadeiramente conjugal, em que o masculino e o feminino, marido e esposa, por meio da regeneraç o, fazem, ambos, um só anjo, por assim dizer, uma só Igreja, um só corpo espiritual cuja cabeça n o é o marido, mas o Senhor, só.Nesse ambiente, era inevitável que a mulher viesse a ver seus valores perdidos. As dracmas que ela tinha, dez, ficaram incompletas. Falta a ela alguma coisa enquanto esses valores n o fores identificados e reconquistados.O homem, o masculino, é o responsável por essas situaç es que colocam a mulher em desvantagem no relacionamento; ele é quem a submete a perdas. Mas quando a mulher adquire a consci ncia esclarecida dos usos masculino e feminino, essa distorç o pode ser emendada.Por que alguém perde alguma coisa? Por várias raz es: porque alguém a subtraiu ou tirou do lugar; porque ela mesma n o se lembra onde guardou; ou porque n o zelou pelo valor que possuía. Assim, o homem dominador de nossa raça n o é responsável sozinho; a mulher também o é, quando, conscientemente, permite que seus valores sejam espoliados. Além do fato de a sociedade preeminentemente machista e da fé-só lhe roubar direitos e valores, ela mesma também os perde e se deixa roubar.Por causa dessa vis o torcida, a mulher foi desde a infância criada e habituada submiss o muitas vezes irracional; aceitaç o de situaç es humilhantes; a remuneraç o menor e assim por diante. Em todos os níveis sociais e de educaç o, haverá sempre uma perda do lado feminino.Na parábola, foi dito que a mulher perde a dracma. Aqui se fala, ent o, de algo que ela mesma perdeu. E perdeu dentro de sua casa. Ent o, a parábola nos chama atenç o para situaç es de humilhaç o da mulher especialmente dentro da sua família. Há valores que a mulher perde diante do marido e diante dos filhos, t o somente porque ela se habitou a se submeter irracionalmente aos caprichos masculinos.A mulher perde valores incalculáveis quando se deixa ser avaliada apenas quanto ao seu corpo. Ela perde quando p e na atraç o física toda a sua influ ncia. A moça, solteira, quando acredita que pode conquistar mais facilmente o rapaz se se entregar s volúpias dele. Ela cede seu corpo esperando assim receber do homem algo superior em troca, como amor verdadeiro, garantia de fidelidade e exclusiva dedicaç o. Mas, inevitavelmente, ela nada obtém e somente perde nessa troca, porque, quase sempre, após a sujeiç o, ela é menos estimada e muitas vezes até desprezada. Essa história é mais comum do que se imagina e tem contribuído para que haja casamentos e relacionamentos infelizes, pois que começaram por uma troca injusta, onde houve perda de dignidade para satisfaç o de algum egoísmo.A esposa perde também sua dignidade quando abre m o de uma posiç o correta, de um tratamento honroso, e se intimida diante do marido só para manter a paz e o amor no casamento. Mas o efeito é igualmente o contrário, porque assim ela contribui para que a injustiça prevaleça.Devido sua condiç o de tradicional inferioridade, aliada sua real desvantagem física, essa situaç o de prepot ncia masculina e humilhante aceitaç o por parte da mulher, pode levar a situaç es cada vez mais graves de desconsideraç o, desrespeito e até de agress o física. Esta é a condiç o em que até o próprio respeito esta ausente.Quando se cala diante da primeira ofensa, só para n o perturbar a harmonia; quando se encolhe diante da primeira agress o física, a fim de n o provocar escândalo, a mulher mesma está sendo negligente com os valores que deve defender. Ela já perdera a dracma e agora perde os últimos ceitis, os valores mínimos de respeito e de dignidade.A Nova Igreja, em sua preciosa doutrina sobre o casamento, ensina que o amor verdadeiramente conjugal implica em que haja, antes de mais nada, a regeneraç o, cuja primeira coisa é a caridade, sendo desta a primeira coisa n o fazer mal próximo. Abster-se de fazer mal ao próximo é o começo do respeito. O casamento se edifica sobre essa base bem sólida de respeito mútuo, antes de mais nada, em seguida de amizade, depois ent o do amor crist o, genuíno, verdadeiramente conjugal. N o pode existir casamento real onde falta o próprio respeito, onde a mulher n o é propriamente respeitada e n o se faz respeitar.Mas a agress o mulher n o é somente física; é também moral e também espiritual. Uma mulher é agredida moralmente quando é bem tratada somente por causa do prazer físico; quando é tratada como serva, de cujas obrigaç es n o se lhe admite desviar. E é agredida espiritualmente quando n o é considerada como próximo, quando é traída pela infidelidade em pensamentos, intenç es e atos.A m e perde seus valores diante dos filhos quando aceita calada uma resposta malcriada, quando deixa de exigir que sua palavra seja obedecida, porque, acredita, ama tanto os filhos que n o os quer punir. Ao se deixar desonrar, ela se torna subserviente das imposiç es dos filhos.A mulher que aceita passivamente a injustiça em relaç o sua condiç o de mulher, esposa e m e, vai aos poucos se anulando, se distanciando do que é realmente humano, medida que abre m o dos valores justos. Ela perde sua dracma de amor próprio e dignidade. E quanto mais se submete, mais se envilece aos olhos de quem a subjuga, menos valor tem. Esta é a situaç o em que ela mesma n o guarda sua dracma, e a perde dentro de sua casa. Em muitos casamentos, vemos com tristeza a mulher perder a própria dignidade tentando preservar algo que ela acredita ser nobre, mas que se trata apenas de conviv ncia subserviente.A Nova Igreja é vista espiritualmente como uma mulher, uma mulher vestida de sol, Noiva e Esposa do Cordeiro. Cabe a essa Mulher, a Nova Jerusalém, através da evangelizaç o, da divulgaç o de suas Doutrinas Celestes e do testemunho vivo de seus membros, restaurar para o mundo o verdadeiro equilíbrio entre fé e caridade, a dádiva preciosa do amor verdadeiramente conjugal, a noç o de um relacionamento possível que deve ser espiritual e eterno entre marido e esposa, ambos igualmente um, com o mesmo valor, diante do Senhor.Na mesma raz o, cabe, em primeiro lugar, mulher da Nova Igreja restaurar esses valores dentro de sua casa. Restaurar a vis o justa do que é a mulher, a esposa e a m e. Cabe a ela, antes do homem, estar consciente para corajosamente impor os conceitos da verdadeira feminilidade, sem o quais a caridade nunca existirá. Cabe a mulher tomar a decis o de n o permitir que as tend ncias irregeneradas masculinas continuem prevalecendo e espezinhando os valores verdadeiros femininos, tanto no plano espiritual como no moral e civil. A esposa é a afeiç o da sabedoria do marido. Cabe a ela dirigir a intelig ncia do marido, para que n o se torne fausto da própria intelig ncia e confirmaç o do amor de si.A mulher pode fazer isso, porque ela recebe de Deus uma coisa que o homem n o recebe: o amor verdadeiramente conjugal. O homem só terá o amor conjugal e só amará o casamento se o receber através da esposa. Lemos no livro "Amor Conjugal" que: "A conjunç o é inspirada ao Marido pela Esposa segundo o amor da esposa, e é recebida pelo Marido segundo a sabedoria do marido. Daí vem que a inclinaç o para unir a si o marido é constante e perpétua na esposa; se no marido n o há uma semelhante inclinaç o para com a esposa, é porque o homem n o é amor, mas é unicamente recipiente do amor; e como o estado de recepç o está ausente e está presente segundo os cuidados que se interp em, conforme as mudanças de calor e de n o calor na mente por diversas causas, e segundo os aumentos e diminuiç es de forças do corpo, as quais n o voltam constantemente nem em momentos fixos, segue-se que a inclinaç o a esta conjunç o nos homens é inconstante e alternativa". (160).Mas se a esposa n o cultiva a busca da verdade, se n o tem afeiç o por conhecer a verdade, para que seu amor seja esclarecido, como pode ela transmitir esse amor ao marido? Sem este empenho da esposa, nenhum casamento verdadeiro existe ou subsiste. Por isso o livro bíblico dos Provérbios afirmou sabiamente: "Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola com as próprias m os a derruba. (Provérbios 14:1)".Ent o, é necessário que a mulher da Nova Igreja se volte sempre para a Palavra. "Acender a candeia" significa o auto-exame por afeiç o. "Acender a candeia" é examinar-se luz da Palavra; examinar sua mente, seus pensamentos e intenç es. É o auto-exame que todos nós, homens e mulheres, devemos fazer. Só pelo auto-exame luz da Palavra, esclarecido pelas Doutrinas claras do Sentido Espiritual, é que se pode conhecer o próprio estado.Quando procuramos por alguma coisa perdida, costumamos tentar nos lembrar onde foi que a vimos pela última vez. s vezes é necessário voltar atrás, aos nossos antigos ideais, s promessas que um dia cultivamos de amor mútuo e de felicidade, aos planos compartilhados, ao amor inocente dos primeiros tempos, para descobrirmos onde foi que mudamos, o que fizemos, que hábitos nocivos adquirimos e que destruíram esses ideais, fazendo com que perd ssemos a vis o. Isto é "varrer a casa", porque "varrer a casa" significa percorrer toda a mente e examinar cada particularidade em que a verdade se acha encerrada".Em algum ponto, nos desviamos da verdade, da justiça, da retid o, até para beneficiar alguém. Em algum momento, fomos pela primeira vez indulgentes com o erro, e depois isto se nos tornou habitual. Fechamos os olhos para o erro alheio, porque pensávamos que isto era amor e caridade. Quando acendemos esta lâmpada, temos diante de nós, em toda clareza, o real sentido de nossas vidas, o propósito Divino para o ser humano. Quando essa luz se acende para nós, compreendemos cada vez mais claramente a relaç o perfeitamente Divina entre o masculino e o feminino, relaç n o que, quando está na ordem, só pode produzir contentamento, pois é uma imagem dos tr s essenciais do Amor Divino: Amar os outros fora de si, querer ser um com eles e faz -los felizes por si. No casamento, isto se manifesta pelo altruísmo de ambas as partes, pelo desejo pela conjunç o de mentes e corpos, e pela vontade de se prestar bons usos um ao outro sem interesse de recompensa.Esses valores est o ainda perdidos em muitos lares porque a mulher, ela principalmente, ainda n o acendeu sua candeia, n o varreu sua mente e n o procurou por eles diligentemente. Mas quando os encontrar, ela terá renovaç o de seu ânimo e se alegrará intimamente. "E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida". Luc 15:9. Amém

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